Monthly Archives: October 2013

Auto publicação, e-books, Vanity Press – Dicas Para o Escritor Iniciante 10

Menino

Este capítulo é um pouco extenso para evitar possíveis ataques de tubarões brancos da costa Australiana (não sabe do que estou falando, leia o segundo parágrafo do capítulo 22)

Há uma certa confusão quando se fala em editora independente e editora por demanda no estilo vanity press, por parte dos escritores iniciantes. As editoras independentes são aquelas que fazem o trabalho citado no capítulo anterior, as vanities vão imprimir seu livro do jeito que você mandar para elas, ou seja, vão fazer o trabalho gráfico e cobrar por isso, mais nada, algumas oferecem uma revisão ortográfica básica incluída no preço.

Excluir o trabalho do editor e do agente literário no processo de publicação é sempre um risco muito grande, são profissionais que conhecem o mercado, conhecem o que está sendo publicado, conhecem seu público alvo melhor do que você, leem muito e diversos gêneros, atualizam-se constantemente. Portanto, pense duas vezes antes de optar por este caminho e se o fizer procure evitar ao máximo cometer os erros que eles não cometeriam. Publicar um material sem qualidade técnica, sem nicho de mercado (sem leitores potenciais), desatualizado ou que se parece muito com centenas de outras obras, seja na parte conceptual, seja no estilo e que não ofereça nada de realmente original ou literariamente criativo.

1 – Como funciona a publicação por demanda ou “vanity press”

Vanity press – “vanity” significa vaidade, por isso o material que estas editoras/gráficas exploram é a vaidade do criador. A urgência de ser lido, reconhecido, amado. Generalizando, pois existem exceções, elas trabalham visando unicamente o lucro, não importa a qualidade do material, não há interesse em penetrar no mercado das tradicionais ou das livrarias, pois todos os custos e o lucro virá do escritor amador e de sua “vaidade” em dizer-se um autor publicado.

Não se iluda se elas têm o nome de: clubes, associações, grupo independente dos escritores etc. Estamos num país capitalista. Você irá pagar pelos serviços através de uma fatura antecipada ou com vencimento para 30, 60, 90 dias, que estará em seu nome. Então, se é para correr riscos, vamos analisar até que ponto podemos ir, pois esse é o mesmo raciocínio destas empresas. E não estou dizendo que é errado, num país capitalista é a forma correta de fazer negócios.

Nas vanities, o autor paga posteriormente pelos serviços referentes à primeira tiragem dos exemplares que se destinarão ao lançamento do livro ou venda direta pelo autor, estes serviços, no entanto, variam de editora para editora, algumas oferecem todos no pacote, inclusive revisão, outras oferecem somente os serviços de gráfica e capista e o registro no ISBN. Outras ainda encobrem o fato de que são somente prestadoras de serviços e dizem pagar pelos custos, quando na verdade o autor é atrelado a um contrato de compra de exemplares.

Depois destes exemplares entregues, qualquer nova solicitação pode ser feita através da editora, por demanda, ou seja, a editora imprime um exemplar por pedido. O preço de venda do livro fica a cargo da editora e a margem de lucro do escritor. Nestes casos o preço de mercado costuma ficar pouco competitivo, 30 ou 40% mais que outro com a mesma qualidade ou qualidade superior lançados por editoras tradicionais.

Em ambos os modelos, você encontrará vanities que imprimirão qualquer coisa que pedir, como 800 páginas de livro sem revisão, sem conflito, com personagens copiados de livros famosos.

Fique atento:

1 – Verifique o portfólio da empresa que irá contratar e tente receber um “feed back” de outras pessoas que publicaram com eles.

2 – No contrato sob demanda, verifique se terá acesso à quantidade de cópias que foram impressas e vendidas pela empresa, além daquelas pagas como primeira tiragem.

3 – O trabalho de revisão se refere somente à parte ortográfica, o original passa por um programa e os erros são corrigidos de forma automática, mas o custo é de uma revisão tradicional. Por isso o recomendável é que faça a revisão e depois registre seu livro, só então encaminhe para a editora.

4 – No contrato há cláusulas que não permitem que você aprove as etapas do trabalho. Lembre à editora que quem está pagando é você e também peça uma planilha de custos e valores de cada serviço para ter certeza que o preço acertado está dentro dos parâmetros de mercado.

5 – Não acredite em “histórias de vendedor” como: o autor precisa de espaço para criar, não precisa se preocupar com a parte técnica, nós resolveremos tudo; nossos profissionais são mais caros porque são os melhores; seu livro é muito bom, você deveria imprimir 300 cópias e não 30 etc.

2 – Auto publicação

A auto publicação não é uma coisa nova, grandes escritores como Emily Dickinson, Jane Austen, Virginia Woolf, Marcel Proust publicaram suas obras sem editoras. Mas não foi só o ato de se publicarem que os tornou famosos, foi muito mais a qualidade do que escreveram.

A diferença entre a auto publicação e publicar numa vanity é que na primeira o autor tem total domínio sobre a produção. É um processo trabalhoso, pois envolve a contratação de no mínimo três serviços profissionais, depois do livro passar por análise crítica, revisão e copidesque, com o Registro na Biblioteca Nacional e ISBN resolvidos. O autor precisará contar com a ajuda de um capista com experiência em capas de livros, um profissional da área gráfica para diagramar o livro corretamente, existe uma série de detalhes, por fim encontrar uma gráfica com experiência em livros sob demanda. Ao ter a liberdade para supervisionar e opinar sobre todas as partes do processo, o resultado final será sua responsabilidade, de ninguém mais.

Dependendo da sua capacidade financeira, pode contratar um profissional que cuidará de todo o processo, existe no mercado profissionais da área gráfica especializados em auto publicação, que cuidam de tudo, inclusive de encontrar profissionais para revisões e registros.

Cabe mencionar mais uma vez que o trabalho do editor não é só cuidar dos processos técnicos e de distribuição, o editor faz um trabalho de curadoria para seu livro. Análise de mercado, busca de parcerias. Ele tem uma visão externa que o autor não tem na relação autor-livro-leitor e que, ao publicar de forma independente estará perdendo a chance de contar com o trabalho deste profissional e aprender com ele.

3 – Auto publicando em E-books

Vou fazer algumas considerações gerais antes de entrar no assunto da publicação nesta plataforma. Embora muitas pessoas ainda considerem a leitura de livros físicos mais agradável quando comparada aos digitais e atribuindo ao modelo até um certo fetiche, os e-books oferecem grandes vantagens ao leitor: mais baratos, mais portáteis, mais dinâmicos. Quanto à questão ecológica, não vejo da mesma maneira que o alardeado, sobre a economia das florestas etc., papel tem um grau de “reciclabilidade” muito superior ao e-book, que contém entre os plásticos alguns metais pesados. De forma alguma, acredito que os livros físicos devam ser substituídos totalmente por e-books, mas podemos nos limitar a comprar só os livros físicos que gostaríamos de reler mais tarde, ou guardar para os mais jovens, pois não há quem garanta que a tecnologia atual não se extinguirá, levando com ela nosso acervo.

Como publicar

Publicar em e-books é simples e fácil, existe no mercado vários tutorias para as redes de vendas mais famosas e populares, que fornecem parte do trabalho gráfico, sem a mesma qualidade, por isso é uma opção interessante quando queremos nos testar e formar um público consumidor, além de ter algum retorno financeiro. Precisamos ficar atentos às entrelinhas do processo:

1 – Cuide do seu texto com os mesmos critérios de auto publicação do livro físico, escolha leitores beta, passe por profissionais de análise e revisão, estabeleça um nicho de mercado, cuide da capa (*) e faço um bom plano de divulgação e promocional. Pois seu livro/conto terá que se destacar entre muitos textos mal cuidados e de escritores despreparados e pode acabar envolto em uma mistura desinteressante. Publicar em e-book não isenta do Registro na Biblioteca Nacional.

(*) Assim como você não gostaria de ver um texto de sua autoria ser usado por outra pessoa para valorizar o trabalho dela, não o seu, sem sua autorização, é uma falta de respeito e educação usar o trabalho de outro para ilustrar o seu da mesma forma. Existem sites de imagens gratuitas e outros de aluguel de imagens, certifique-se de que a que escolheu para ilustrar seu livro não possua direitos autorais.

2 – Nunca desvalorize seu trabalho só porque muitos o fazem. Quer fazer uma semana promocional, liberando seu texto gratuitamente¿ É uma boa estratégia como parte de um plano de marketing. A gratuidade contínua sugere algo de menor qualidade, descartável e desnecessário. O que você compra com 1 real? Um livro, três balas, uma caneta.

3 – Os e-books independentes são baratos pois o material não tem edição, revisão, a qualidade é ruim na sua grande maioria e há vários textos reacionários e de caráter duvidoso. É uma generalização, mas se o seu texto foi bem cuidado, não se venda por centavos, pode ser democrático, libertário, mas não é justo, ainda não vivemos na utopia que queremos.

Uma boa opção é publicar textos curtos em e-book, contos, pois o custo de revisão e análise é baixo e você pode mostrar às editoras seu potencial e sua criatividade como escritor.

4 – Plataformas de Publicação Gratuita

Publicar em plataformas gratuitas, como o Wattpad, é um bom exercício de escrita e de teste de público. No entanto, seja comedido e cuidadoso. Disponibilize alguns textos ou mesmo um livro que você não tenha intensão de ver publicado por uma grande editora, converse com o público leitor dos seus trabalhos, os direcione para o seu blog, revistas com seus textos, livros e contos. Cultive o seu blog tanto ou mais do que cultiva estas plataformas. Elas são um bom instrumento de divulgação, mas não servem para espelhar qualidade, principalmente pelo que foi dito do item 2 da parte acima, não se venda por bananas.

Na plataforma gratuita você pode ter aquele público fiel de leitores que consome seu livro ou seus textos esporádicos, no entanto, eles não significam compradores em potencial para as editoras compradores. Significa que existe um bom público que gosta do tipo de história que você escreve e assim como a sua também leem outras do mesmo gênero. No momento em que a sua for posta para ser publicada numa editora e colocada à venda em formato de livro, a maioria dos seus leitores irá migrar para outros textos de mesmo gênero que continuam disponíveis gratuitamente na plataforma. Para que eles paguem para ler seus textos, esses terão que apresentar algo diferente e especial. Essa diferença esbarra tanto na originalidade quanto na qualidade técnica, pois sem estas duas, qualquer autor um pouco mais experiente e renomado poderia escrever uma história parecida com a sua, a editora lançar com uma boa campanha e certeza de lucro, pois não precisou apostar num desconhecido.

5 – Financiamento Coletivo

O financiamento coletivo tem se mostrado mais eficiente do que a publicação por vanity press em termos de qualidade do material e retorno do investimento e também permite ao autor que quer se auto publicar, mas não tem recursos para fazê-lo uma forma de obter esses recursos. Existem algumas plataformas para financiamento coletivo, a mais conhecida entre nós é o Catarse.

O autor irá fazer o mesmo trabalho mencionado na parte 2, auto publicação, cuidar desde a contratação de um revisor até a impressão na gráfica. Por isso terá que fazer uma planilha de custo e pesquisar o mercado com cuidado, pois na plataforma escolhida irá solicitar aos amigos e conhecidos que colaborem para que o seu livro se torne realidade através de doação em dinheiro e precisará relacionar os gastos das etapas do processo para que os investidores compreendam.

Você vai solicitar aos amigos e conhecidos que invistam em você e oferecer algo em troca. Fará um ranking de doações, podendo ir de 10 reais a 200 reais, os valores ficam a seu critério, pode oferecer uma cópia do seu livro aos que doarem menos e além do livro um brinde bacana a quem doar mais. Os valores destes brindes também devem constar na planilha de custos, portanto é interessante você conversar com alguém que tenha usado este tipo de plataforma para saber a média de pessoas em cada categoria de acordo com o valor solicitado. Geralmente as pessoas que contribuem com o valor maior são as de sua família e os amigos bem próximos.

Feita a planilha com cuidado e estabelecido o valor a ser requerido você pode começar a fazer a solicitação na plataforma escolhida. Algumas estabelecem um prazo para que o valor seja alcançado, então você tem que se certificar que vai conseguir todo o dinheiro dentro deste prazo, o que geralmente não acontece, então o ideal é começar com um valor baixo e subir assim que virar o prazo, em algumas plataformas existe essa possibilidade.

Problemas com este tipo de plataforma:

1 – Você não tem muitos amigos e colegas, sua rede social é pequena ou você não é uma pessoa de interagir com todo mundo, não consegue pedir um real emprestado para inteirar a condução para sua própria mãe. Talvez este modelo não seja o ideal para publicação, pois terá que gastar muita saliva para conseguir o total que precisa. E se não conseguir, pode pegar mal com quem colaborou, terá que devolver o dinheiro.

2 – Você oferece brindes que não sabe se vai conseguir ou que são importados e o mercado flutua negativamente, preferível mandar fazer: canecas, camisetas, canetas, marcadores dentro do básico para não se arriscar muito.

3 – Demora muito a conseguir o total do dinheiro e os investidores ficam aborrecidos, pois ninguém gosta de esperar muito tempo para receber “os lucros” o que pode gerar inimizades na sua rede social. Tenha cuidado.

4 – Você terá o trabalho de enviar para um por um dos seus investidores os brindes a que eles têm direito, isso significa: comprar embalagens, empacotar, ir até os Correios e pagar o frete, custo que deve estar incluído na solicitação da plataforma. Demanda tempo, vamos supor que você vá enviar 100 livros com brindes, calcule a demora para escrever a dedicatória pessoal (não vale fazer uma geral), agradecendo a colaboração, embalar os livros e os brindes em plástico bolha, envelopar, endereçar e ir até a agência, ficar na fila e enviar todos os 10 pacotes.

Existe uma maneira de financiamento em grupo de escritores, você e seus amigos se juntam e financiam um livro de contos, um conto para cada (não ultrapasse os 20, mais que isso não vale a pena) e depois publicando. Meu grupo de escritores trabalhou assim com o primeiro projeto e agora está fazendo com o mesmo com segundo projeto. É interessante checar no blog como nós fizemos. Não precisa ser da maneira exata, podem ser contos independentes sobre um mesmo tema como o Wild Cards do George R. R. Martin.

Prós e Contras

Prós auto publicação:

1 – Não precisar esperar dois ou três anos para ver seu livro publicado.

2 – Você tem certa liberdade para escolher como apresentar seu produto. O que garante que a história não sofrerá modificações ou interferências mercadológicas.

3 – É uma das maneiras de se tornar conhecido no mercado editorial e também mandar seu material pronto e com o retorno do público para algumas editoras tradicionais.

Contras da auto publicação:

1 – Publicar um livro de maneira independente influencia sua imagem, no Brasil até poucos anos atrás a publicação independente desqualificava o autor junto aos grupos editoriais, como o mercado brasileiro acompanha as mudanças do mercado externo, ocorreu recentemente uma flexibilização de olhares sobre o independente. A questão é que os escritores na Europa e Estados Unidos, mesmo os amadores, têm uma visão mais profissional da carreira do que nós temos, pois eles sabem que tudo que publicam é um mostruário da sua capacidade.

2 – Sem meios de divulgação ou disponibilidade para fazê-lo, seu livro morre sem atingir a cota de vendas para pagar os gastos com a gráfica. Você pode acabar com prejuízo dobrado: seu livro foi mal visto, porque o trabalho da editora foi mal feito e/ou não vendeu o volume contratado o que reflete na sua imagem como gerador de mercado.

3 – Perceber que seu livro está muito longe da imagem que criou, sente-se frustrado e acaba destruindo seus sonhos e bloqueando sua vontade para projetos futuros. Não desista.

Resumindo, encontre um amigo tubarão e não se faça de seu almoço.

Publicando um Livro 2 – Publicação independente – Dicas Para o Escritor Iniciante 9

estante-de-livros-criativa

Suflê de Publicação Independente

Quem já fez um suflê sabe que suflês desandam – antes de retirar do forno, ele parece majestoso com sua camada dourada estourando para fora da forma. No primeiro contato com o ambiente, começa a murchar e vira só um omelete parrudo.

Como funciona a publicação independente?

Regra geral – As editoras/gráficas por demanda (chamadas em inglês com muita propriedade de Vanity Presses) visam o lucro, em todos os casos, não se iluda se elas têm o nome de: clubes, associações, grupo independente dos escritores etc. Estamos num país capitalista. Você irá pagar pelos serviços, a fatura antecipada ou com vencimento para 30, 60, 90 dias, estará em seu nome.  Se é para correr riscos, vamos analisar até que ponto podemos ir, pois esse é o mesmo raciocínio destas empresas.

Toda a regra tem sua exceção, algumas  são muito criteriosas, quase tanto quanto uma editora tradicional, mas são muito poucas.

Não confunda as editoras independentes com as por demanda, as independentes tem critérios, editores, contratam revisores, capistas dão dicas aos autores e parceiros. O autor tem desconto na compra dos exemplares, mas não é obrigado a comprar nada. A diferença entre as independentes e as que pertencem a grupos é o marketing e a distribuição, nas independentes, regra geral, o autor tem que correr atrás de sua própria divulgação.

Nas editoras por serviço, o autor paga antecipadamente por tudo: da revisão à parte gráfica e tem liberdade de aprovar e desaprovar qualquer etapa que não lhe agradar até que o serviço fique a contento. O autor recebe a quantidade de livros acertada. Este serviço é muito parecido com a auto publicação, a única diferença é que você tem todos os profissionais que precisará: revisor, diagramador, capista etc. num único lugar. Neste modelo você coloca o preço de venda do livro e estabelece seu lucro.

Nas editoras sob demanda, o autor paga posteriormente pelos serviços referentes à primeira tiragem dos exemplares que se destinarão ao lançamento do livro ou venda direta pelo autor, estes serviços, no entanto, variam de editora para editora, algumas oferecem todos os serviços no pacote, inclusive revisão, outras oferecem somente os serviços de gráfica e capista,  e o registro no ISBN. Depois destes exemplares entregues, qualquer nova solicitação pode ser feita através da editora sob demanda, ou seja, a editora imprime um exemplar por pedido. O preço de venda do livro fica a cargo da editora e a margem de lucro do escritor também.

Em ambos os modelos, você encontrará editoras que imprimirão qualquer coisa que pedir, pode ser um livro sem revisão de 800 páginas, um manual de funcionamento da caixa de areia do seu gato ou  até uma receita de bolo de única página.

Fique atento:

1 – Verifique o portfólio da empresa que irá contratar e tente receber um feedback de outras pessoas que publicaram com eles.

2 – No contrato sob demanda verifique se terá acesso à quantidade de cópias que foram impressas e vendidas além do solicitado como primeira tiragem.

3 – Se for oferecido um trabalho de revisão verifique se não se referem somente à parte ortográfica, o original passa por um programa e os erros são corrigidos de forma automática, mas o custo é de uma revisão tradicional.

4 – No contrato há cláusulas que não permitem que você aprove as etapas do trabalho. Lembre a editora que quem está pagando é você e também peça uma planilha de custos e valores de cada serviço para ter certeza que está pagando um preço de mercado pelos serviços.

5 – Não acredite em “histórias de vendedor” como: o autor precisa de espaço para criar, não se pode se preocupar com  a parte técnica, nós resolveremos tudo; nossos profissionais são mais caros por que são os melhores; seu livro é muito bom, você deveria imprimir 3000 cópias e não 30 etc.

5 – Existem também as independentes por nicho de mercado: as especializadas em teses, livros de horror e suspense, livros didáticos etc.

Como escolher?

Procure as editoras independentes que publicam o seu estilo de livro, existem  as independentes por nicho de mercado: as especializadas em teses, livros de horror e suspense, livros didáticos etc. Compre um livro desta editora para avaliar a qualidade do material – capa, correções etc. e a mecânica de distribuição no caso por demanda.

Prós da publicação independente:

1 – Não precisa esperar séculos para ver seu livro publicado.

2 – Você tem certa liberdade para escolher como apresentar seu produto. O que garante que a história não sofrerá modificações ou interferências.

3 – É uma das maneiras de se tornar conhecido no mercado editorial e também mandar seu material pronto para algumas editoras tradicionais.

Contras da publicação independente:

1 – Publicar um livro de maneira independente pode prejudicar sua imagem junto a editoras mais tradicionais, estou falando de Brasil, o mesmo não se aplica ao mercado editorial no exterior. E não deixa de ser verdade, dependendo da qualidade da editora que escolher, seu livro não terá nenhuma credibilidade.

2 – Sem meios de divulgação ou disponibilidade para fazê-lo, seu livro morre sem atingir a cota de vendas para pagar os gastos com a editora. Você pode até acabar com prejuízo dobrado: seu livro foi mal visto, por que o trabalho da editora foi mal feito e/ou não vendeu o volume contratado. E os boletos para pagamento estão vencendo.

3 – A frustração de ver que seu livro físico está muito longe da imagem que fazia dele, a dura realidade acabou destruindo seus sonhos.

Deve ficar bem claro para você, escritor iniciante ou amador, que vale a pena perseguir seus sonhos, mas não a qualquer custo. Analise bem como e onde vai realizá-los, de um passo após o outro e deixe seu material o mais próximo do resultado final possível antes de procurar os serviços de uma editora, seja independente ou tradicional. Esqueça lucro, fama ou reconhecimento. Espere realização pessoal antes de tudo.

Publicando Um Livro – Parte 1 – Editoras Tradicionais – Dicas para o Escritor Iniciante 8 –

The Norrington room in Blackwell bookshop, Oxford

Procurando Nemo

Você sabe a distância entre a Grande Barreira de Coral e Sydney na Austrália? Imagine que você é um peixinho que nunca saiu da sua toca. Seu único sonho é dar o melhor para seu pequeno filho órfão de mãe. Ele quer se aventurar pelo mundo, é perigoso, mas é o destino dele. Quais as chances de encontrar seu filho se ele resolver fugir e acabar há dois mil quilômetros de distância num pequeno aquário num consultório de dentista em uma cidade de quatro milhões de habitantes?

As mesmas que você tem de encontrar uma grande editora que publique seu livro. De cada mil escritores, um é publicado. De cada cem publicados, um vende mais de mil cópias.

 Não desanime. Nemo foi encontrado!

Primeiro, você tem que solidificar suas experiências como escritor, participar de concursos, publicar contos em revistas e coletâneas, receber algumas menções positivas em blogs etc. É importante também ter formação acadêmica ou, pelo menos, público formado. Importante que seu filho (livro) não seja o único, como o Nemo, outros projetos devem estar prontos ou em desenvolvimento. Hoje em dia é bom ter seu próprio blog onde o agente literário possa avaliar melhor sua capacidade narrativa. Ou seja, encarar o que faz como profissão, não como passatempo.

Segundo, você tem que se certificar que seu livro está pronto e finalizado, que: o conflito principal, a essência do livro e o fim do livro estão sólidos. Revisão, copidesque e talvez uma leitura crítica foram realizadas por profissionais e um ou outro feedback de amigos já foi recebido, anotado e checado e se necessário, aplicado.

 Terceiro,  você precisa de foco. Encontre uma editora ou braço editorial que trabalhe com o perfil do seu livro, não gaste bala atirando para todos os lados. Mostre que você tem propósito. Escolha uma corrente para te levar onde você quer.

 Quarto, pensamento positivo para que seu livro encontre um agente literário que o proteja e o faça sair do anonimato para o mundo.

Por que a maioria dos livros é rejeitada?

1 – Por que o agente literário tem muito que ler, então ele não lê tudo o que recebe por completo, avalia o autor e lê as primeiras páginas e se o livro interessar e for bem escrito, continua.

2 – Por que as editoras só publicam depois que o livro passou por mais de um agente e foi aprovado ou o autor foi indicado, recebeu prêmios ou teve um livro independente muito bem vendido. Os riscos são muito grandes em publicar um autor desconhecido, por isso a maioria das grandes editoras opta por traduzir títulos que foram bem sucedidos no mercado externo.

3 – O seu livro é muito longo (+ 120.000 palavras) ou muito curto (- 50.000).

4 – As primeiras páginas não empolgam. Da primeira até a décima segunda página um conflito já deve ser instalado ou a essência da história demonstrada nas entrelinhas. Se fizer um prólogo muito grande e descritivo, mude-o para outro ponto do livro.

5 – Os personagens são rasos, não tem muito contraste, são muito perfeitos ou são muitos – um exército deles.

6 – As conversas na verdade são palestras, “filosofamentos”. Ou não tem nada a oferecer ao contexto da história.

7 – Excesso de rebuscamento ou de advérbios – principalmente depois dos diálogos. Exemplo:

– Está chovendo. – Disse ele soturnamente, com o olhar fixo e envilecido na fímbria da obscura e bruxuleante tormenta que se achegava.

8 – O cenário ofusca a história ou o conflito demora a acontecer.

 A espera para receber uma avaliação do seu original é de aproximadamente 6 meses, nada impede que você mande novamente depois de um tempo. Você também pode enviar para mais de uma editora ao mesmo tempo. Uma ou outra grande editora não aceita que o original que mandou para ela tenha sido enviado para outras, se é iniciante, não insista, procure as menores que são mais receptivas.

 Cada editora vai lhe pedir algo diferente. Algumas pedem que envie o original impresso pelo correio, outras pedem o original eletrônico. Outras ainda, o primeiro capítulo e o sumário. Há aquelas que pedem só um resumo e uma carta. Assim como há vários tipos de formatos solicitados: em “word”,  “pdf”, fontes e espaçamentos etc. Verifique nos sites das editoras quais são as exigências.

Existem dois tipos de editoras, as que pertencem a um grupo e as independentes. Nas editoras de grupo, os braços editoriais cuidam de categorias específicas: infanto-juvenis, técnicos, fantasia, adultos, esse braços são chamados de selos. Para ser visto por uma editora de grupo a maioria dos autores passa antes pelas independentes. Não confunda as editoras independentes com as por demanda/serviço. As independentes são assim chamadas porque não pertencem a um tem grupo. No entanto elas se utilizam dos mesmos critérios dos selos editoriais, possuem editores e agentes que avaliam as publicações, contratam revisores e capistas, dão dicas aos autores e parceiros. O autor tem desconto na compra dos exemplares, mas não é obrigado a comprar nada. A diferença entre as independentes e as que pertencem a grupos é o marketing e a distribuição, nas independentes, regra geral, o autor tem que correr atrás de sua própria divulgação.

Elabore alguns materiais para envio:

– Carta – com uma apresentação sua, resumo de suas características pessoais e profissionais, diga o porquê a editora deve publicar seu livro, seja claro e objetivo. Deixe a originalidade para os textos de ficção.

– Resumo – sumarize a história em no máximo 250 caracteres, há editoras que pedem mais, outras menos, outras nem pedem, mas escrever dentro de um certo limite denota a capacidade do escritor em usar as palavras certas.

– Sumário – faça uma relação de capítulos. Algumas editoras solicitam o resumo de cada capítulo, neste resumo é interessante indicar se há conflito, suspense, “flash-back”, romance etc.

– Todas pedem que seu livro tenha pelo menos passado por um revisor profissional e sido registrado na Biblioteca Nacional.

 Para ter controle dos envios e das respostas é bom elaborar uma planilha onde constem o material que foi enviado, quando foi e o prazo de resposta dado pela editora. Passado um ano pode jogar fora e começar de novo.

 Este é o melhor caminho para publicar um livro: sem custo, com visibilidade e marketing e certeza de retorno de público e de crítica. No entanto, lembre-se que está num oceano com baleias, tubarões, velhas tartarugas e inúmeros outros peixinhos como você.

Leitura Crítica – Dicas para o Escritor Iniciante – 7

Investi meu tempo e um pouco de dinheiro com a revisão e o copidesque de minha preciosa obra, não estou ironizando, ideias valem ouro! Meu amigão, aquele que havia lido antes e estava cheio de dúvidas, lê meu livro novamente. Espero ansioso pelo fim da leitura e pelo retorno. Ele diz – Nossa! Melhorou bastante! Genial! Amei! Só me explica uma coisa que não entendi. Como o dragão não morreu no capítulo 7? – Você explica. – Ah! E a princesa? Ela fugiu ou ficou no capítulo 10? – Mais explicações. – E no final? O que aconteceu mesmo?  Foi o dragão que virou um príncipe ou o príncipe apareceu do nada mesmo? – Sensação de completa derrota. Estava tão claro!!!

Foi o que senti ao terminar um dos meus livros e quando perguntei aos poucos leitores sobre o final, percebi que só eu entendia.

Se errei em algum ponto e não sou capaz de perceber. Este erro pode ser sanado com a leitura crítica. Não é um serviço barato, mas compensa cada centava, pense que você está pagando para aprender. E deve ser feito antes da revisão.

Muitas vezes este é o trabalho do profissional que avalia livros para editoras, não é raro encontrar um leitor crítico que também é um agente literário.

Na prática o leitor crítico vai analisar alguns aspectos do seu livro, alguns deles relativos ao copidesque. O que é avaliado:

Se o texto não confunde demasiado o leitor ao se perder na narrativa.

Se os parágrafos e capítulos tem continuidade e se completam, não deixando arestas.

Se o texto é claro e inteligível. Citar grandes mestres do gênero em excesso, fazer extensas alusões a outras obras ou encher de palavras rebuscadas torna o livro de difícil digestão.

Se o texto flui naturalmente, ou seja: começa, se desenvolve e termina com o mesmo ritmo. Sem grandes ocos de divagações inúteis e fora de contexto. Permitindo que o leitor mantenha a leitura sem abandoná-la.

Se a linguagem que está sendo usada é coerente com o contexto ou objetivo do livro.

E se existe a “Suspensão de Descrença”, ou seja, se não há explicações desnecessárias a ponto de o leitor desacreditar no que está lendo.

A opinião do leitor crítico não é um ultimato. Um carimbo de aprovação ou recusa. É uma alavanca para impulsionar o próprio nível crítico do autor e melhorar seu desempenho.