Monthly Archives: September 2013

Revisão e Copidesque – Dicas Para o Escritor Iniciante 6

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Estudei Artes Gráficas no SENAI no final da década de 70, nesta época circulava um jornal chamado “Notícias Populares”, as notícias eram bem populares mesmo. Algumas pérolas: “Hoje a gente vai botar a tua mãe no meio”; “Disco-voador colidiu com ônibus na BR 116”; “Broxa torra o pênis na tomada”. A despeito das manchetes, era uma publicação inovadora em termos gráficos: na diagramação, no uso das cores. Matéria de estudos nas aulas práticas. Um certo dia, cerca de 10 alunos entre 14 e 16 anos cercavam a bancada onde duas folhas do jornal estavam abertas e bem iluminadas, com nossa lupa especial e a orientação do professor, analisávamos os aspectos gráficos, a diagramação, erros ortográficos, eram tantos esses detalhes técnicos que nenhum de nós prestou atenção à manchete.

 

Eis que dois supervisores do SENAI, em visita à escola, entram na sala acompanhados do diretor e ficam completamente indignados com o fato do professor estar mostrando a alunos menores um jornal de adultos, com uma manchete daquelas. Foi só então que lemos a referida: “Cachorro preso depois de estuprar tres velhinhas”. A falta do acento nós todos havíamos notado.

 

Você pode dizer que: escreve bem, presta atenção nos detalhes, o programa que utiliza ajuda a solucionar possíveis erros, ortográficos e gramaticais. Quando tem dúvida, consulta o ‘professor’ Google Search, PHD em tudo. Lê e relê seus escritos em buscas de erros.

 

Nem Carlos Drummond de Andrade, nem Érico Veríssimo, nem Jorge Amado prescindiam de um revisor. Por que errar é humano. Por que quando você lê o que escreve é envolvido pela história e sua própria mente o engana.

 

Era um disco asférico. – quando quis dizer esférico.

 

Os carros coligiram. – quando se quis dizer colidiram.

 

Eu sou um horror, não dispenso a revisora, estudei Letras para espiar minha culpa, estudei Inglês para fugir dos acentos e vírgulas. – nesta sentença Letras e Inglês tem que vir com letra maiúscula por que se referem a matérias. A mesma coisa vale para a palavra rei – no sentido geral em minúscula, um Rei específico em maiúscula. Detalhes tão pequenos de nós todos!

 

A revisão tem um aspecto técnico já o copidesque avalia outras interferências que podem tornar o texto confuso ou contraditório. Analisa a coerência, contexto e tempo. Este profissional mostra onde um parágrafo deveria ser quebrado e não foi, inverte a ordem dentro dos parágrafos e altera, ou reposiciona frases dentro do parágrafo, avalia se uma sentença ficaria melhor se invertida e se há coerência entre o parágrafo anterior e o seguinte. Inclui, exclui e substitui palavras e frases inteiras. Verifica se uma palavra foi usada de forma repetitiva ou incorreta.

 

O assoalho do luxuoso apartamento era emadeirado e os móveis todos brancos em cortes geométricos. / emadeirado de madeira. (embora emadeirado esteja correto, não é uma expressão comum ou que remeta a algo de moderno como os geométricos móveis brancos).

 

O Apego

 

O livro é seu: sua ideia, seus personagens, as situações, que de certa forma você viveu também. Portanto, tanto a revisão quanto o copidesque podem num primeiro momento parecer uma invasão de privacidade. Um estranho entrou no “seu livro” e está tentando “bugá-lo”!

 

Todos pensamos assim, somos tão apegados a esta “partinha” de nós mesmos que esquecemos que o livro vai precisar de um leitor e este é o nosso objetivo, fazer com que alguém mais faça parte desta história. O leitor também é um interventor, mas você não fica sabendo disso.

 

Como processo, a leitura precisa ser guiada, passo a passo, para que ao final consigamos o resultado almejado. Falhando em algum ponto do processo, é bom ter alguém que nos segure e realinhe e nos mostre por onde continuar ou o que corrigir.

 

Não tenha ciúmes de sua obra, ela vai deixar de ser só sua a partir do momento que alguém a ler. Pense no leitor e confie no profissional de revisão.

 

Se servir de consolo: já joguei fora diálogos inteiros, parágrafos inteiros, capítulos inteiros e sempre foi para melhor.

 

Nem tudo o que o revisor/copidesquista alterar você precisa manter. Uma ou outra alteração é da sua competência aceitar.

 

Minha revisora odeia, e nenhum bom revisor gosta de repetições. Poetas gostam de palavras e sons, as repetições parecem refrãos de música aos nossos ouvidos. Romances ficam infantis e cansativos. Concordei com quase a totalidade das exclusões ou substituições, no entanto resolvi manter uma ou outra. No meu livro seguinte, para desespero dela, inclui um capítulo em que dois meninos, não muito bons de juízo repetiam as cores do arco-íris 6 vezes até entendê-las. Não sei se ela percebeu a brincadeira.

 

Como copidesque é mais subjetivo, o texto vai e volta para sua aprovação, por isso é bom escolher um programa para escritores que permite ver o antes e o depois da correção ao mesmo tempo e avaliar as mudanças no seu texto. Deixar um texto prontinho é um trabalho demorado e recompensador.

 

Tempo Dramático – Quero Ser Escritor – 5

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Embora esta expressão tenha a ver com teatro, acho que na literatura atual ela se aplica muito bem. Duas questões relativas ao tempo:
1 – Quando a ação se passa? Presente, Passado ou Futuro.
2 – Durante quanto tempo ela se desenrolar? Uns minutos, 2 séculos.

Já temos a IDEIA, sabemos o LOCAL/LOCAIS onde acontece, temos o(s) PERSONAGEM(S) e quais AÇÕES incluiremos, assim como a ESTRUTURA que vamos utilizar e é aqui que entra a…

Primeira questão sobre o tempo.

Podemos inserir a história em variantes temporais infinitas na verdade. Por exemplo: começamos com um “flash back”, voltamos a ação para o tempo presente, voltamos ao passado de novo e assim por diante até fechar nossa história.
De qualquer forma que escolher contá-la, no entanto, esteja ciente de que tempo verbal e pessoa está usando para não confundir o leitor. Para quem não tem muita experiência sugiro que comece por um passado não muito distante e faça em primeira pessoa, em ordem cronológica, sem dúvida é mais fácil, assim temos um único ponto de vista e uma única linha temporal.

Fantasiando o Passado

Por mais fantasiosa que seja sua mente se optar ou por uma história num passado distante ou não, pesquise sobre.
Por exemplo: na época medieval as pessoas produziam seu sabão e lavavam suas roupas em tanques especiais, escovavam os dentes com palitos e usavam temperos diferentes dos atuais, carne não era essencial, a base da alimentação eram as verduras e legumes os grãos eram para as cidades, que eram poucas e para os exércitos. As flechas eram artigos especiais usados para derrubar o inimigo muito mais do que feri-lo, os arqueiros derrubavam os inimigos e os soldados acabavam com a raça deles então eram recolhidas.
A pesquisa acrescenta muito mais do que limita. Temos mais elementos para introduzir na nossa fantasia.
Pensando bem não há um elemento em Harry Potter, O Senhor dos Anéis, Game of Thrones etc. que já não tenha sido usado e reusado antes. O que faz estas histórias interessantes é o modo como estes conhecidos elementos estão misturados.

Inventando o Futuro

Muitos escritores são perfeccionistas, gostam de detalhes, explicam o desnecessário. Quer falar sobre o futuro? Como você o imagina? Orwell, Roddenberry – peço a permissão para incluí-lo aqui, já que não é um escritor propriamente – Wells, Huxley etc. imaginaram cada um a sua maneira, todos eles com um quê político bem definido. Orwell e o autoritarismo, Roddenberry e a guerra fria etc.
Não dá para falar do futuro com propriedade sem sugerir alguma ideologia; ufanista ou destruidora. Seja o que escolher não se prenda aos detalhes lógicos e coerentes, não explique o que a ciência não explica ainda. Se seu personagem usar uma arma desintegradora – arma desintegradora é tudo o que o leitor precisa/gostará de saber, ele também tem imaginação. Se quiser acrescentar algum detalhe leia artigos científicos só para ter uma ideia básica.

Relatando o Presente

Muitas editoras pedem que o escritor fale do que conhece. Vivemos no Brasil: falamos do Brasil. Afinal somos brasileiros, mal ou bem é a cultura e os valores com os quais fomos criados, portanto temos propriedade para falar sobre isso.
Uma história passada no presente é um relato do que acontece na mente do escritor naquele momento em que está escrevendo e, portanto, tem-se que prestar atenção aos detalhes. Este é o lugar dos perfeccionistas de plantão.
Aqui nos ligamos à…
Segunda questão sobre o tempo:

Cronologia – dependendo da quantidade de locais, personagens, histórias paralelas e ações vamos precisar nos organizar. Independente do tempo cronológico.

Ulisses de James Joyce se passa num único dia tem dois protagonistas principais e 265.000 palavras!!!

Calcule tempo de resposta para que os acontecimentos não pareçam deslocados da história. Se alguém está atrasado, deixe claro o porquê ou o como, não precisa ser naquele momento, só não se esqueça de explicar. Se alguém está pensativo ou deprimido, pause a história com algumas cores dramáticas e então continue. Respire com seu personagem.
Para alguns trabalhos mais complicados é necessário fazer um plano temporal para que não se perca, incluindo capítulo, personagem, ação e consequência no futuro se houver.

https://skynerd.com.br/perfil/Oldynerd/post/837495     (5 – Tempo)

Ação Dramática – Dicas Para o Escritor Iniciante – 4

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Imagine-se com um pouco de sede, não muita, normal. Pegue um copo e coloque água dentro. Beba – matou sua sede.
Situações inesperadas:
– Não está faltando água, mas a torneira pinga gotinha por gotinha.
– A torneira jorra água, com tanta força que bate no fundo do copo e volta. Quase impossível segurar ou encher o copo.
A torneira é você; a água, seu livro: o sedento, o leitor.
Eu gosto de Bernard Cornwell, acho esta modalidade de ficção baseada em fatos reais e históricos fascinante, gosto de histórias medievais e gosto de História. Não consegui ler um dos volumes da saga da Canção da Espada, acho que foi “Os Senhores do Norte”, até o fim. O problema foi o copo às vezes esvaziado pelo fluxo ou nunca cheio pelo conta-gotas.
O Sr. Cornwell deve ter certo volume de páginas predeterminado para escrever (em outro capítulo falarei sobre o trabalho do escritor – relação com editoras etc.), digamos 350 a 450 páginas. É muita página para pouca história ou muita história para pouca página, só sei que me parecia que a história não emocionava porque não fluía no ritmo do leitor.
Ação Dramática
A nossa torneira mais poderosa para saciar o leitor é a ação dramática. Os elementos básicos do drama estão arraigados em nossa cultura e fazem parte dela há pelo menos 29 séculos. No dia a dia dramatizamos nossa vida, intensificando nosso comportamento diante do cotidiano. Como se nossa sede além da água precisasse de um energético.
Estes são fragmentos de textos de Arquíloco séc. VII ac. Perceba como soam familiares estas passagens nesta tradução atualizada:
“Não gosto do grande general de passos largos, orgulhoso de seus cachos, a barba bem feita, prefiro um baixo, com as pernas tortas, mas o andar seguro e carregado de coragem.”
“Algum ‘saio’ (tribo dos saios) se orgulha do escudo; sem querer, abandonei a arma num arbusto. Salvei minha vida, que me importa o escudo? Perca-se; conseguirei outro igual.”
“Nem glória nem respeito ganha um morto: a graça dos vivos, vivos perseguimos. Ao morto sempre resta o que é ruim.” Tradução e adaptação de Luiz Dolhnikoff.
Quem nunca leu Homero é bom fazê-lo, lá encontraremos a base de tudo que apreciamos num texto dramático.
Equilíbrio da Ação Dramática (existem muitas escolas/livros/métodos etc.) – este é um texto simples que fala sobre elementos básicos e dá uma pincelada geral no tema.
O Suspense – ao não definir muito bem os resultados da ação, ao deixar no ar uma sentença ou uma adaga, cria-se um dos mais poderosos elementos para cativar/emocionar o leitor. O “E agora o que vai acontecer?”.
O suspense precisa ser bem dosado. Em novelas policiais o suspense é a linha mestra. Fora este gênero específico, elementos de suspense se resolvem a medida da ação e outros são inseridos. A linha do suspense é costurada com as outras linhas.
O “Flash-back” – em respostas aos porquês que vão aparecendo na trama, alinhavados pelos suspenses, temos as recordações do passado que nos fizeram chegar neste ponto. Nem sempre se menciona como um fato passado ou como recordação, pode ser uma revelação num diálogo, ou até uma sutileza de duas ou três palavras.
A Reviravolta – pode ser uma mudança de rumo na história ou um elemento novo, inédito. Podemos inverter um ponto de vista, mudar o protagonista da ação por um ou dois capítulos. Criar um elemento que faça o leitor se agarrar ao que foi contado antes para não perder o fio da história.
O Descansar – Além da leitura consciente precisamos fazer o subconsciente do leitor trabalhar. Inserimos elementos de humor, se a ação é dramática, fazemos alguma observação fora da história, descrevemos mais demoradamente um cenário importante. Todos esses elementos servem para que o subconsciente do leitor trabalhe. Ele passa a viver a história. Na minha humilde opinião, o primeiro descanso deve vir logo depois do primeiro suspense.
A Repetição – O leitor se familiariza com o ambiente da história quando ele sabe como localizar os elementos dentro dela, sejam eles relativos à personalidade de um personagem, geográficos, resultantes de ação passada, descritivos etc. Esta familiaridade se dá pela repetição de nomes, comportamentos, temas.
Todos esses elementos bem dosados enchem um copo d’água e matam a sede do leitor.

https://skynerd.com.br/perfil/Oldynerd/post/835675     (4 – Ação Dramática)

Objetivo, Empatia, Discurso – Dicas Para o Escritor Iniciante 3

A shelf filled with books

Parabéns, você escreveu seu texto e ele te faz muito bem. Expôs suas ideias e agora você quer compartilhá-las. Seu amigão, aquele que sempre lê seus escritos, começa a fazer perguntas sobre os trechos que ele não entende  e que, pelo menos para você, estavam claros como água.

Não se decepcione. Agradeça a seu amigo a sinceridade das observações, elas são muito úteis.

Embora escrever seja uma das mais solitárias atividades humanas, ela tem a sua via de retorno: ler.

Imagine sua história como uma estrada. Não necessariamente você tem que saber o início, o meio, o fim, ponha-se a construí-la no ponto em que sua inspiração pedir. Teve uma boa ideia, escreve-a, depois a encaixe dentro do percurso, preencher o antes e o depois é o trabalho do escritor.

O livro é um caminho que leva o leitor pela imaginação do autor: não pode ser muito tortuoso, cheio de pedras, levar a lugar nenhum ou ser muito cansativo.

Objetivo:

O que você pretende contar nesta parte da sua história? Está claro o que você quis dizer? Ela se encaixa no contexto do livro, ou seja, tem as mesmas cores dramáticas.

A poesia tem uma linguagem mais hermética, cheia de simbolismos. A prosa por seu lado é menos simbólica e mais direta no seu discurso. O que você quer escrever – prosa ou poesia? Se for prosa, seja preciso na hora de passar suas ideias para o papel.

“Trate-me por Ishmael. Há alguns anos não importa quantos ao certo, tendo pouco ou nenhum dinheiro no bolso, e nada em especial que me interessasse em terra firme, pensei em navegar um pouco e visitar o mundo das águas. É o meu jeito de afastar a melancolia e regular a circulação. Sempre que começo a ficar rabugento; sempre que há um novembro úmido e chuvoso em minha alma;”

Moby Dick – Melville

Um caminho não prescinde de atalhos. Os atalhos dão colorido à história, às vezes levam a uma situação ou contexto paralelo. Enriquecem a imaginação com detalhes. Só não se esqueça dos objetivos.

‘No dedo médio da destra, havia um anel feito em forma de espiral, ao qual estavam engastados um rubi perfeito, um diamante pontudo e uma esmeralda de valor inestimável. Pois Hans Carvel, grande lapidário do rei de Melinda, calculava o seu preço em sessenta e nove milhões e oitocentos e noventa e quatro mil e dezoito carneiros com toda a sua lã; a mesma avaliação foi feita pelo Fourques de Ausburgo” – Gargantua e Pantagruel – Rabelais – século XVI.

Esta descrição de um anel fecha o capítulo que descreve as vestimentas do gigante Gargantua, o exagero é próprio do contexto do livro, cujo objetivo é descrever com ironia os costumes dos ricos e poderosos da época.

Empatia:

Não existe uma boa história em que os personagens principais e secundários não desempenhem seus papéis, podem trocar de lugar num determinado ponto, os secundários por capricho da história tomam uma posição de destaque. É difícil encontrar a empatia do leito se assim não o for. O leitor se vê nos personagens e precisa deles para se guiar pela história.

A personalidade dos personagens deve ser definida antes de escrever, se isto não aconteceu – seu personagem já está vivendo – pense na personalidade que você deu a ele e releia seu texto veja se as falas e soluções das situações estão de acordo com o caráter do ator. Refaça se necessário.

“K. mal dava atenção a esse discurso; não considerava muito elevado o direito de dispor sobre suas coisas, direito que ele talvez ainda possuísse, e parecia-lhe importante adquirir clareza acerca de sua situação; mas na presença daquelas pessoas ele nem sequer foi capaz de refletir, pois a barriga do segundo vigia – só podiam ser vigias – sempre voltava a bater nele de uma maneira que só poderia ser caracterizada como amistosa: porém quando ele levantou os olhos, vislumbrou um rosto seco e ossudo, …” – O Processo – F. Kafka

Discurso:

Há escritores que são mais afeitos às descrições, outros ao diálogo. Muitos se juntam para produzir um texto, não é incomum em filmes você encontrar o nome de dois ou mais roteiristas. Há até os especialistas em diálogo. Eu gosto do diálogo, prefiro o diálogo às longas descrições. Mas descrever determina o ritmo da história e a localiza dentro do caminho que ela segue.

Proponho que faça alguns exercícios; descrevendo o que vê em detalhes quando imagina uma história – não precisa usar se não quiser. Observe a conversa das pessoas, seus trejeitos e pontos de vista. Quem disse que ouvir aquela sua vizinha preconceituosa não tem proveito algum?

“Dublin

Deasy – Guarde minhas palavras senhor Dédalus. A Inglaterra está nas mãos dos Judeus…

Stephen – Mercador é quem compra barato e vende caro, seja judeu ou cristão, não é?

Deasy – Eles pecaram contra a luz. E o senhor pode ver a escuridão em seus olhos. E é por isso que eles são errantes sobre a terra até os dias de hoje.

Nos degraus da bolsa de Paris homens auribrunidos leiloando cotações… Vã paciência de empilhar e entesourar. O tempo seguramente dispersaria tudo. Tesouro acumulado à margem do caminho: pilhado e pisoteado. Seus olhos sabiam dos anos vagabundos e, pacientes, sabiam das desonras da carne.

Stephen – E quem não pecou?”  Ulisses – James Joyce

Recomendo alguns livros aos escritores iniciantes:

Comunicação em Prosa Moderna – Othon M. Bastos – é um livro de consulta, um pouco metódico, mas extremamente útil. (No site da Estante Virtual tem usados bem baratos)

Da Criação ao Roteiro – Doc Comparato – não só para quem quer escrever roteiros, o livro trás capítulos e temas recorrentes nos livros atuais – conflito, ação dramática, tempo dramático etc.

Exercício: Observe este texto fictício e assinale os “7” erros.

“Arhrmeinthalr nasceu muito pequena para sua idade, mas era só o dragão abaixar a sua cabeça que ela pulava em suas costas afiadas e montava-o, controlando-o pelas rédeas. Não importava que, Durhgirthan, o dragão, tivesse quase trinta metros de altura. Ela o fazia soprar do fundo de sua garganta ‘fumacenta’ sob o muro de pedra.”

Não… não são erros de português!

Resposta

– Nasceu pequena para sua idade?!

– Quem abaixava a cabeça? O dragão ou a menina?

– As costas do dragão eram afiadas por quem? E como ela subiu no dragão e não se machucou?

– Trinta metros de altura? Que altura tinha a menina então? Ela não era pequena?

– O dragão era fumante, com certeza.

– Os dois estavam enterrados embaixo (num calabouço!?) de um castelo e o dragão tentava derrubar o muro debaixo para cima com fumaça!?

– O sétimo fica com vocês…