Ação Dramática – Dicas Para o Escritor Iniciante – 4

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Imagine-se com um pouco de sede, não muita, normal. Pegue um copo e coloque água dentro. Beba – matou sua sede.
Situações inesperadas:
– Não está faltando água, mas a torneira pinga gotinha por gotinha.
– A torneira jorra água, com tanta força que bate no fundo do copo e volta. Quase impossível segurar ou encher o copo.
A torneira é você; a água, seu livro: o sedento, o leitor.
Eu gosto de Bernard Cornwell, acho esta modalidade de ficção baseada em fatos reais e históricos fascinante, gosto de histórias medievais e gosto de História. Não consegui ler um dos volumes da saga da Canção da Espada, acho que foi “Os Senhores do Norte”, até o fim. O problema foi o copo às vezes esvaziado pelo fluxo ou nunca cheio pelo conta-gotas.
O Sr. Cornwell deve ter certo volume de páginas predeterminado para escrever (em outro capítulo falarei sobre o trabalho do escritor – relação com editoras etc.), digamos 350 a 450 páginas. É muita página para pouca história ou muita história para pouca página, só sei que me parecia que a história não emocionava porque não fluía no ritmo do leitor.
Ação Dramática
A nossa torneira mais poderosa para saciar o leitor é a ação dramática. Os elementos básicos do drama estão arraigados em nossa cultura e fazem parte dela há pelo menos 29 séculos. No dia a dia dramatizamos nossa vida, intensificando nosso comportamento diante do cotidiano. Como se nossa sede além da água precisasse de um energético.
Estes são fragmentos de textos de Arquíloco séc. VII ac. Perceba como soam familiares estas passagens nesta tradução atualizada:
“Não gosto do grande general de passos largos, orgulhoso de seus cachos, a barba bem feita, prefiro um baixo, com as pernas tortas, mas o andar seguro e carregado de coragem.”
“Algum ‘saio’ (tribo dos saios) se orgulha do escudo; sem querer, abandonei a arma num arbusto. Salvei minha vida, que me importa o escudo? Perca-se; conseguirei outro igual.”
“Nem glória nem respeito ganha um morto: a graça dos vivos, vivos perseguimos. Ao morto sempre resta o que é ruim.” Tradução e adaptação de Luiz Dolhnikoff.
Quem nunca leu Homero é bom fazê-lo, lá encontraremos a base de tudo que apreciamos num texto dramático.
Equilíbrio da Ação Dramática (existem muitas escolas/livros/métodos etc.) – este é um texto simples que fala sobre elementos básicos e dá uma pincelada geral no tema.
O Suspense – ao não definir muito bem os resultados da ação, ao deixar no ar uma sentença ou uma adaga, cria-se um dos mais poderosos elementos para cativar/emocionar o leitor. O “E agora o que vai acontecer?”.
O suspense precisa ser bem dosado. Em novelas policiais o suspense é a linha mestra. Fora este gênero específico, elementos de suspense se resolvem a medida da ação e outros são inseridos. A linha do suspense é costurada com as outras linhas.
O “Flash-back” – em respostas aos porquês que vão aparecendo na trama, alinhavados pelos suspenses, temos as recordações do passado que nos fizeram chegar neste ponto. Nem sempre se menciona como um fato passado ou como recordação, pode ser uma revelação num diálogo, ou até uma sutileza de duas ou três palavras.
A Reviravolta – pode ser uma mudança de rumo na história ou um elemento novo, inédito. Podemos inverter um ponto de vista, mudar o protagonista da ação por um ou dois capítulos. Criar um elemento que faça o leitor se agarrar ao que foi contado antes para não perder o fio da história.
O Descansar – Além da leitura consciente precisamos fazer o subconsciente do leitor trabalhar. Inserimos elementos de humor, se a ação é dramática, fazemos alguma observação fora da história, descrevemos mais demoradamente um cenário importante. Todos esses elementos servem para que o subconsciente do leitor trabalhe. Ele passa a viver a história. Na minha humilde opinião, o primeiro descanso deve vir logo depois do primeiro suspense.
A Repetição – O leitor se familiariza com o ambiente da história quando ele sabe como localizar os elementos dentro dela, sejam eles relativos à personalidade de um personagem, geográficos, resultantes de ação passada, descritivos etc. Esta familiaridade se dá pela repetição de nomes, comportamentos, temas.
Todos esses elementos bem dosados enchem um copo d’água e matam a sede do leitor.

https://skynerd.com.br/perfil/Oldynerd/post/835675     (4 – Ação Dramática)

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Sou professora e escritora. Gosto de ler e escrever Ficção Científica e Fantasia. O resto é bobagem. Livro - Matando Gigantes Contos publicados: O Desejo de ser como um rio - Amazon Gente é Tão Bom - Trasgo no. 1 O Tesouro de Nossa Senhora dos Condenados, Coletânea Piratas - Editora Catavento Lolipop, Coletânea Boy's Love - Editora Draco Monsuta - Shi, Coletânea Dragões - Draco Encaixotando Nina - Cobaias de Lázaro Invasão de Corpos - co autoria, Cobaias de Lázaro Seduzindo Oliver - co-autoria, Cobaias de Lázaro A Princesa no Escafandro Cor-de-Rosa - Contos Sonoros do Meia Lua Pra Frente e Soco Extensão - Contos Sonoros do Meia Lua Pra Frente e Soco Retrônicos, coletânea - editoração e conto O Menino Jaguar e o Escudo do Sol - Trasgo 10 Volte para o seu lar - Amazon Rede vermelha sobre o oceano de merda - Amazon Boca Maldita - Cyberpunk - Draco A Paixão e as Moscas - Entre Ficções

Posted on September 25, 2013, in Dicas Para Escritores Iniciantes. Bookmark the permalink. Leave a comment.

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